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sexta-feira, 19 de março de 2010

Apoio magnético sobre implantes osteo-integrados

Artigo publicado na Revista Oficial do "1º Congresso da Faculdade de Odontologia de Nova Friburgo" em maio de 1996.

Data de Publicação do Artigo: 11 de Maio de 2006
Hiram Fischer Trindade
Ex-presidente da ABO seção Portugal

INTRODUÇÃO

A experiência que temos de 20 anos de clínica nos levou a procurar uma melhor solução para os pacientes possuidores de prótese total inferior, principalmente para aqueles em que havia excessiva reabsorção da estrutura óssea.

Todos sabemos da grande dificuldade que existe em fazer uma prótese inferior total que resista aos movimentos músculares inversos ao sentido de oclusão. Todos sabemos também do grande esforço e resignação que tem os pacientes possuidores de tais próteses, pois tentam à medida do possível equilibrá -la e sustentá -la para melhor executar os movimentos mastigatórios e expressivos, sem que a popular " castanhola" dê sinais de vida.

MATERIAL

Há hoje uma grande variedade de sistemas e formatos (parafusos, cilindros, lâ minas, etc.) de implantes osteointegrados e dos correspondentes recursos para aplicação de próteses fixas ou removíveis. O sistema que uso para estes casos é o " T. B. R. IMPLANT SYSTEM" da empresa francesa SUDIMPLANT. O " TBR" possue um tipo de encaixe magnético que é aparafusado no elemento implantado e que permite uma fixação satisfatória das próteses.

MÉTODO

A aplicação de implantes na região de mandíbula, situada entre os forames mentonianos, é considerada na implantologia como sendo a de melhores resultados por se tratar de uma zona sem grandes comprometimentos anatômicos e normalmente com um denso trabeculado ósseo.

No caso em questão, de implantes com aplicação de magnetos, é indicado um número mínimo de dois e máximo de quatro elementos. Sabemos que o ideal é sempre o número máximo, pois será maior a capacidade de atração magnética do sistema, assim como uma melhor distribuição da resultante da força oclusal. Temos, porém, de levar em consideração fatores que possam inviabilizar tal conceito, como, por exemplo, o volume e a densidade óssea, fatores econômicos, etc.

A cirurgia de implantação do parafuso de titânio (ósseointegrado) é feita dentro dos conceitos instituídos nos protocolos de cada marca, ou seja, de grande simplicidade mas obedecendo critérios rigorosos que envolvem um bom projeto, estudo radiográfico criterioso com medições das estruturas anatômicas que corresponderão ao leito implantário, análise da densidade óssea, assim como uma perfeita assepsia e irrigação durante o ato cirúrgico.

No pós operatório são receitados anti-inflamatório e antibiótico, assim como clorexidina tópica. O paciente poderá sair do consultório com a mesma prótese que tinha antes, porém desgastada internamente nos locais correspondentes aos implantes. A região onde foi inserido o implante não pode sofrer pressões, pois é fundamental para a osteointegração que haja uma boa estabilização primária do implante; entre sete a dez dias é feita a remoção da sutura.Após um mês de uso da prótese, que obviamente terá causado um certo desconforto para o paciente devido ao desgaste feito após a cirurgia, poderá ser feito então o reembasamento com materiais moles (soft-line) e que permitirão, a partir deste momento, uma maior segurança e conforto.

O tempo de espera para a osteointegraçã o é discutível. Há autores que preconizam tres mêses para mandíbula e há outros que indicam cinco mêses. Acho que neste capítulo deveremos sempre levar em consideração o ato cirúrgico, o pós operatório e a quantidade e as dimensões dos elementos implantados. Após o tempo de osseointegração, é necessária uma pequena cirurgia de gengivectomia sobre a " cabeça" do implante para remoção do parafuso tampão que foi aplicado na fase final da implantação.

Feita a remoção, aplica-se um novo parafuso no interior do implante: o parafuso de cicatrização, que deverá ficar, no mínimo por uma semana e terá a finalidade " moldar" a nova gengiva perioimplantária que se formará .

A partir desta fase, confecciona-se uma prótese total inferior convencional. A única diferença que se verificará é que as moldagens copiarão os parafusos de cicatrização, o que se traduzirá em pequenas cavidades de formato clilíndrico na base da prótese. Nestas cavidades é que serão aplicados posteriormente os magnetos de sustentação da prótese. Após a confecção da prótese é feita a retirada dos parafusos de cicatrização que serão substituidos pelos magnetos.
A prótese é ajustada na boca para que não haja interferência dos magnetos fixados aos implantes na sua adaptação e estabilidade.
Pós conferidos todos os princípios gerais de oclusão, estética, adaptação, etc., faz-se então a aplicação dos magnetos na prótese. Uma pequena quantidade de acrílico autopolimerizável é suficiente para fixar os magnetos nas cavidades cilíndricas, que deverão polimerizar na boca, em situação de oclusão cêntrica.
Após o tempo de polimerização a prótese é retirada para remoção de possíveis rebarbas.
Faz-se finalmente um último teste de funcionamento da prótese, levando-se agora também em consideração a sua capacidade de sustentação magnética.
CONCLUSÃO
Este tipo de trabalho representa uma nova e feliz possibilidade de promovermos uma situação de grande satisfação para o paciente, quando ele se sentirá novamente seguro para desenvolver uma boa mastigação, descontração nos movimentos de expressão muscular facial e maior segurança ao pronúnciar as palavras, resultando numa melhora significativa da sua qualidade de vida e saúde, muito diferente da condição em que vivia anteriormente.