Quem usa dentadura (prótese total) tem desconforto ao mastigar e insegurança para sorrir. Com o tempo, a prótese perde retenção e estabilidade. E quem usa dentadura vive com problemas estomacais, mau hálito e boca seca. Isso decorre da perda dos dentes, o que impede a mastigação.
Segundo o Ministério da Saúde, oito milhões de brasileiros são desdentados totais e podem ser considerados inválidos orais (têm atrofia maxilar). E vários fatores são responsáveis por isso, como doenças ósseas, problemas anatômicos, má nutrição, traumas e extrações inadequadas, além de perda de dentes.
Os avanços da implantodontia possibilitaram a reabilitação da maioria dos casos. Em São Paulo, por exemplo, Jan Peter Ilg e Reginaldo Migliorança especializaram-se em reabilitação de maxila atrófica. E estrangeiros vêm se tratar aqui com técnicas modernas, como o implante zigomático, que substitui grandes enxertos ósseos.
A dificuldade nesses casos está na arcada superior, ou seja, na maxila. Nesta região normalmente o osso é mais poroso do que na parte inferior, o que provoca a reabsorção mais acelerada, dificultando a fixação do implante. Era comum fazer enxerto ósseo, proveniente da calota craniana, do osso da bacia, costela e tíbia. Mas o paciente ficava 30 dias sem dentes e o tratamento durava pelo menos um ano. Nesse período, teria que usar prótese provisória e há riscos de infecção, perda do enxerto e seqüelas irreversíveis.
Um avanço é o implante fixado ao osso zigomático ou malar (ele sustenta a maçã do rosto), desenvolvido pelo sueco Per-Ingvar Bränemark. Ele é colocado pela parte interna da boca na mesma cirurgia em que são fixados os outros implantes, não deixando cicatrizes aparentes. Este implante resolve a maioria dos casos de perda óssea avançada. Outro avanço é o conceito de carga imediata, que consiste na colocação das próteses fixas definitivas 72 horas após a instalação dos implantes. Com o implante zigomático de carga imediata não é preciso esperar cerca de um ano.
Mario Groisman - O Globo