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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Otimização no uso de Ligas Não Preciosas para Aplicações Cerâmicas.

A confecção da mais simples restauração envolve uma infinidade de fatores e variáveis, tornando impossível identificar com precisão tais fatores a fim de isolar a causa de um problema específico.
Por outro lado, uma melhor compreensão de procedimentos e propriedades dos materiais, é possível aplicar técnicas que reduzem sensivelmente a probabilidade de falhas.

Bolhas: Para evitar bolhas é necessário obter uma boa “queima”. Mais de 90% (noventa por cento) de bolhas na união metal – porcelana é causada pela queima inadequada do revestimento antes da fundição. Quanto melhor a queima do revestimento, menor a probabilidade de bolhas na porcelana.
Quando os anéis de fundição não são queimados adequadamente, cinzas de carbono (ou resíduos) podem contaminar o revestimento durante a fundição. Neste caso, a liga metálica derretida em alta temperatura (1390C), ao penetrar na cavidade do molde, provoca a vaporização das partículas de carbono presentes na superfície do mesmo. As partículas de carbono passando do estado sólido para o gasoso sofrem uma grande expansão de volume. Uma grande parte do gás em expansão escapa pelos poros do revestimento, mas uma parte do gás fica aprisionada na liga a medida que esta solidifica. Lentamente, este gás vai abrindo caminho e sendo liberado até atingir a superfície do metal e então escapa no momento mais inoportuno como no estágio de glazing.

Correções: 1) Siga a risca as instruções de queima contidas nas instruções do metal. Se você tiver tempo estenda o período de queima do revestimento. Revestimentos modernos, de alta temperatura a base de fosfato, podem resistir a altas temperaturas (871 a 950 C) por períodos prolongados. Atenção não sacrifique a temperatura nem o tempo da queima. Aquecimento adequado proporciona cavidades limpas e reduz o risco de contaminação da liga.
2) A retaguarda de uma queima adequada é o jateamento. (veja jateamento)
Lembre-se:
Verifique sempre se o forno está bem calibrado.
Não use acetileno. Use oxigênio/propano ou oxigênio/gás natural. Ajuste na pressão (1 e meio a 2 kgf).
Use sempre maçarico com bico de oríficios múltiplos.
Use cadinho de quartzo aberto. Pré- aqueça sempre o cadinho.
Evite o superaquecimento da liga para que não ocorra excesso de oxidação na liga, e perda das propriedades.
Nunca esqueça a máscara de proteção.
O resfriamento lento da liga evita o endurecimento da liga. Resfrie ao ar por 10 minutos. Depois lave bem na água.

Preparação do Metal: Prepare a superfície do metal somente com pedras e discos de óxido de alumínio (branca ou marrom). Não utilize a mesmas pedras e discos com outros metais ou pode haver risco de contaminação.
Se os copings forem muito finos provavelmente não poderão oferecer resistência estrutural adequada durante os ciclos de queima da porcelana. Conforme o metal aquece e resfria pequenos sulcos podem sofrer deformações produzindo trincas ou marcas na porcelana. Após o acabamento, a espessura do coping não dever ser inferior a 0.3 mm.
Terminada a preparação do metal, todas as superfícies devem estar limpas e livres de qualquer óxidos, arestas vivas ou bordas agudas. Arestas vivas ou bordas agudas podem gerar esforços sobre a porcelana com conseqüentes trincas ou marcas.

Jateamento: Se a queima adequada do revestimento é a primeira linha de defesa contra bolhas na porcelana, o jateamento é a retaguarda.
Qualquer material contendo carbono sobre a superfície do metal será gaseificado durante a queima da porcelana formando possíveis bolhas. Todos os materiais de polimento (discos, e pedras) contêm algum tipo de binder que aglutina o composto polidor e preserva sua forma. Binders contém carbono e o metal reterá uma certa quantidade destes binders em sua superfície depois da preparação do metal. Jateamento adequado remove estes compostos de carbono, reduzindo o risco de bolhas.
Utilize óxido de alumínio branco (malha 220, 50 micron) a pressão mínima de 100 psi(50 a 60 libras). Mantenha o bico do jato próximo a superfície da peça num ângulo de 45°graus e limpe completamente toda a superfície.
Utilize somente óxido de alumínio branco. Uma partícula de óxido de alumínio é branca. Alguns fornecedores oferecem óxido marrom (ou ligeiramente avermelhado). Estes óxidos ganham coloração pela contaminação por óxido de ferro. Óxido de ferro prejudica a adesão da porcelana ao metal e deve ser evitado. Pode até dar certo, mas para que arriscar?
O óxido de alumínio (malha 220, 50 micron) não começa a penetrar e limpar adequadamente a superfície do metal com pressão inferior a 80 psi e os melhores resultados ocorre com pressões da ordem de 100 psi. Use pressão mínima de 100 psi(50 a 60 libras). Mantenha o bico do jato bem próximo a superfície do metal. Se bico estiver muito afastado as partículas perdem velocidade antes de atingir a superfície o que reduz a eficácia da limpeza.
Mantenha a ponta do jato sempre na mesma angulação com relação a peça de modo que as partículas possam sair segundo um ângulo complementar. Se a ponta for direcionada perpendicularmente a superfície do metal, pode criar um pressão contrária a direção do jato principal reduzindo a velocidade das partículas.
Se suspeitar que a pressão de 100 psi pode perfurar o metal, é porque o metal está demasiado fino e isso pode levar a outro tipo de problema.
Alguns fabricantes argumentam que o jateamento a pressões muito elevadas podem fazer com que partículas de óxido fiquem incrustadas no metal criando problemas durante a queima da porcelana. Isso é incorreto ou no mínimo sem evidência prática comprovada. Se partículas de óxido de alumínio estiverem presentes após o processo de limpeza, estas estarão inertes durante a queima da porcelana. Na verdade, óxido de alumínio é um componente comum das porcelanas odontológicas.
Mantenha seu compressor de ar e tubulações limpas e em bom estado. A presença de óleo causará inúmeros problemas. Jateie apenas com ar limpo e seco.

Limpeza: Limpe toda superfície da restauração antes de aplicar a porcelana. Use um vaporizador ou água destilada em um vaporizador ultrasônico durante 10 minutos. Se usar água destilada, mantenha-a fresca (troque diariamente).Ou use álcool isopropílico para um melhor desempenho. Lembre-se de não tocar a restauração com as mãos durante ou depois do jateamento e estágios de limpeza. Suas mãos podem deixar gordura que causam contaminação na superfície do metal.

Desgasificação: O termo “desgasificação” pode causar confusão. Implica que o metal fica limpo e livre de gases. Isso é incorreto. Como você sabe que todos os gases nocivos foram removidos? Você não sabe. Por isso este processo deve ser visto com um estágio de inspeção.
Se tudo estiver funcionando bem em seu laboratório, você não precisa desgasificar elementos simples. Mas é prudente fazê-lo no caso de pontes, por serem mais complexas e oferecerem maior risco de problemas. Por exemplo, pontes requerem uma queima mais longa devido ao maior volume de cêra requerido para formar os componentes da ponte. Maiores volumes de cêra implicam em maior volume de cinzas de carbono no revestimento do molde. Os arcos pônticos são de grande preocupação, pois contém muita cêra.
Se estiver tendo problemas desgasifique tudo. Isso pode revelar a natureza do problema.
Ao desgasificar aqueça o metal a (980 C ) sem vácuo por 05 minutos ao ar e deixe resfriar. Ao atingir a temperatura máxima remova a estrutura e deixe-a resfriar ao ar. Inspecione a superfície oxidada do metal. Procure por descolorações que não sigam ao padrão (manchas). Se estiverem presentes remova com discos e pedras e limpe as áreas descoloradas. Então re-processe a desgasificação e aplique o opaco sem jateamento.
Ao trabalhar com ligas sem berílio as manchas podem ser inevitáveis. Jateie a superfície oxidada do metal sem berílio antes de aplicar o opaco. Em teoria, a resistência da adesão de ligas sem berílio é aumentada quando o opaco e o óxido metálico são formados simultaneamente durante a primeira queima.

Opaco: Não jatei. Para melhor aderência aplique uma camada fina de opaco 0,1mm. E depois uma segunda camada de 0,2 mm de espessura. Conforme instrução do fabricante. Há uma grande quantidade de porcelanas e metais disponíveis atualmente. Algumas combinações produzem resistência de adesão constantemente confiáveis ao passo que outras são menos consistentes. Um exemplo clássico de união quase perfeita é a união de Verabond ou Verabond II com a porcelana Ceramco. Ou no Brasil, Verabond ou Verabond II com Noritake.
Se você tiver dificuldades com adesão metal porcelana; considere o seguinte:
Veja se você esta usando uma Porcelana Americana de Granulometria Média (Ceramco) ou uma Porcelana Européia de Granulometria Fina (Vita). Para poder escolher entre Verabond II ou Verabond 2V. Compre uma tonalidade clara do opaco da Vita ou Ceramco. Misture uma pequena quantidade do opaco, aplique uma camada fina à superfície do metal e queime no forno. Então aplique duas camadas do opaco de sua porcelana em duas queimas separadas para concluir a opacificação. Isso deve criar uma interface mais confiável.
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